sábado, 26 de abril de 2008

Prejuizos sociais do cigarro

Fumantes custam R$ 338 milhões ao SUS
O cigarro provoca um prejuízo anual para o sistema público de saúde de pelo menos R$ 338 milhões, o equivalente a 7,7% do custo de todas as internações e quimioterapias no País. O cálculo, feito pela primeira vez no Brasil, considerou o gasto com hospitalizações e terapias quimioterápicas em pacientes de 35 anos ou mais, vítimas de 32 doenças comprovadamente associadas ao tabagismo no ano de 2005. Estima-se que 22,4% da população brasileira fumem.

"São recursos significativos e, o mais importante, que poderiam ser poupados", observa a autora do trabalho, a economista da Fundação Oswaldo Cruz, Márcia Pinto. Para ela, o resultado da pesquisa deixa clara a necessidade de se adotar medidas rápidas para responsabilizar a indústria do tabaco pelo impacto econômico provocado no sistema de saúde público. "Além disso, as ações antitabagistas devem ser intensificadas", avalia. Entre elas, Márcia enumera o aumento do preço do cigarro brasileiro, o sexto mais barato do mundo.

A pesquisadora não tem dúvida de que o impacto econômico do tabagismo no sistema de saúde é maior do que revela seu estudo. O trabalho analisou apenas parte dos custos: internação e quimioterapia. "Esse foi o ponto de partida, porque não havia nada similar no Brasil". Ela espera que novos trabalhos agora sejam realizados para avaliar, por exemplo, gastos com medicamentos, cirurgias e o tratamento de pacientes vítimas de fumo passivo.

Índice de doenças

Para fazer o estudo, tema de sua tese de doutorado na Escola Nacional de Saúde Pública, Márcia desenvolveu um índice capaz de calcular o quanto uma doença pode ser atribuída ao tabagismo no Brasil. Ela destacou um grupo de 32 doenças (alguns tipos de câncer, problemas respiratórios e circulatórios) diretamente associadas ao tabaco e avaliou os custos com internação e tratamentos quimioterápicos pelo SUS.

Numa outra etapa, estudou a trajetória de fumantes internados em dois centros de referência para tratamento de câncer e problemas cardíacos: o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o Instituto Nacional de Cardiologia (INC). Nesse estágio, ela calculou os custos do tratamento completo, do diagnóstico à alta ou morte do paciente.

O estudo revelou, por exemplo, que a terapia de um paciente com câncer custa, em média, R$ 29 mil. O tratamento de câncer do esôfago, R$ 33,2 mil, e o de laringe, R$ 37,5 mil. Se todos os casos novos desses três tipos de câncer causados pelo cigarro procurarem o sistema público, o gasto calculado é de R$ 1,12 bilhão.

Pacientes cardíacos

A mesma análise foi feita com pacientes cardíacos. Nas duas instituições, Márcia destacou apenas problemas que comprovadamente eram provocados pelo cigarro. No caso do INC, os dois grupos principais foram de isquemia crônica do coração - que custa, em média, R$ 29,7 mil - e com angina - cujo tratamento médio é de R$ 33,1 mil.

"Todos os pacientes eram fumantes pesados, uma média diária alta de cigarros, durante vários anos", observa Márcia. Ela lembra que boa parte dos pacientes chegava ao serviço já em estado avançado da doença. "Muitas vezes, as medidas adotadas eram apenas paliativas, não havia esperança de cura para o paciente", completou. "É um gasto necessário, mas sem retorno".

Fonte : O Estado de São Paulo

15 comentários:

Luis Pilan disse...

Risco de doença do coração cai 60% após dez anos sem fumar

Mulheres que largam o cigarro e ficam ao menos cinco anos sem fumar reduzem em 21% a chance de morrer por câncer de pulmão e em 47% em razão de problemas cardíacos.

A boa notícia para quem já deixou de fumar e que serve de estímulo para as mulheres que ainda têm o vício é o resultado de um estudo divulgado na última quarta-feira por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Harvard (EUA).

A pesquisa, publicada no jornal da associação médica americana, avaliou os hábitos e as condições de saúde de 104 mil enfermeiras entre 1980 e 2004 nos Estados Unidos.

O estudo mostrou que a redução do risco de morte por doenças causadas ou agravadas pelo cigarro é de 13%. Além de câncer de pulmão e problemas de coronárias, foram consideradas doenças de vascularização do cérebro, respiratórias, obstrutiva pulmonar crônica e outras formas de câncer.

Os benefícios são ainda maiores dez anos após a mulher parar de fumar. No período, o risco de doenças coronárias diminui 60%. Após 20 anos, ele se torna igual ao de uma pessoa que nunca fumou.

Segundo Jaqueline Issa, diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do InCor (Instituto do Coração) de São Paulo, a redução no risco de mortes em cinco anos é um estímulo para deixar o cigarro o mais rápido possível. "Quanto maior o tempo de exposição e a quantidade de cigarros, maior o risco de ter problemas”.

As mulheres, público-alvo da pesquisa, são as que mais encontram dificuldades para deixar o cigarro. Segundo Jaqueline Issa, isso acontece porque o motivo por que fumam é geralmente emocional, para reduzir tensão ou espantar sintomas depressivos. "Quando tentam parar por conta própria, podem ter um ganho de peso ou alterações de humor e desistir”.

"No mundo, 48% dos homens e 12% das mulheres fumam, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). Isso faz das mulheres um alvo do marketing das indústrias. O design dos cigarros, a adição de sabor e propagandas com mulheres fumando são parte dessa estratégia."

Fonte : Folha de São Paulo (11/05/2008)

Luis Pilan disse...

Cigarro prejudica os olhos

Matéria publicada no Jornal de Jundiaí (SP), em 30 de março, afirma que o tabagismo aumenta o risco do surgimento da catarata e degeneração macular, além de ser fator de risco de doenças como câncer de pulmão, laringe, pâncreas, fígado e bexiga, entre outras.

Segundo o oftalmologista e diretor médico da Oftalmoclin, José Martins Leitão Guerra, os fumantes apresentam um risco duas vezes maior de catarata precoce e de duas a três vezes maior de desenvolver a degeneração macular relacionada à idade, se comparados com os não fumantes.

O jornal cita o estudo publicado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), que mostra que mulheres e crianças são os grupos de maior risco na exposição passiva em ambiente doméstico. Também há risco na exposição em ambiente de trabalho, onde a maioria dos trabalhadores não é protegida da exposição involuntária da fumaça do tabaco. De acordo com Leitão Guerra, "quem convive com fumantes, no ambiente de trabalho, também se encontra mais vulnerável ao aparecimento da catarata e da degeneração macular".

A catarata, doença que causa o turvamento progressivo do cristalino e interfere na absorção da luz que chega à retina, acomete cerca de 75% das pessoas com idade acima de 70 anos, e é uma das principais causas de cegueira reversível no mundo.

Fonte : INCA (30/04/2008)

Luis Pilan disse...

Visitem o link http://www.inca.gov.br/inca/Arquivos/Tabagismo/livroadvertenciascompleto.pdf para conhecer as novas fotos dos maços de cigarros, bem mais impactantes que as atuais, e as justificativas desta abordagem. As novas imagens deverão entrar em vigor em 9 meses.

Ricardo Roslindo disse...

São Paulo.Jornal Destak.
90% apóiam lei que proíbe fumo em SP
É o que mostra pesquisa encomendada pelo governo do Estado, autor do projeto que veta cigarros em todas as áreas coletivas públicas ou privadas; aprovação chega a 78% entre fumantes, mas muitos querem exceção para bares e boates.
Por Da redação
Última atualização 11/09/2008@04:38:04 GMT-3
A maior parte da população do Estado é favorável à restrição ao fumo em ambientes coletivos. Pesquisa encomendada pela Secretaria Estadual da Saúde revela que 90% dos paulistas apóiam o projeto de lei do governador José Serra (PSDB) para proibir o consumo de tabaco em locais públicos.
Encaminhada no fim de agosto à Assembléia Legislativa, onde está para ser votada, a proposta estabelece a restrição total do tabaco em bares, restaurantes, boates, hotéis, ônibus, áreas comuns de condomínios e empresas, entre outros.

Os recintos que desrespeitarem as regras receberão multa. Já quem se recusar a deixar de fumar pode ser retirado do local pela polícia.

Dez emendas já foram feitas pelos deputados para diminuir as restrições (leia texto abaixo), apesar do apoio da população.

De acordo com a pesquisa, realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas, a aprovação ao banimento do cigarro e similares em espaços coletivos públicos ou privados é alta também entre os fumantes.

Quando a proibição é para locais como restaurantes e escritórios, o apoio entre os que fumam é de 84%. Em lojas, a aprovação chega a 81%.

Contudo, a quantidade de pessoas que usam o tabaco e que são favoráveis ao projeto diminui quando a restrição se refere a bares e boates. Só 47% delas concordariam em freqüentar esses espaços sem acender o cigarro (veja quadro abaixo).

Para o estudo, foram ouvidas, por telefone, mil pessoas com mais de 16 anos em cem cidades, nos dias 4 e 5 deste mês. Segundo a secretaria, a pesquisa é representativa.

Ceticismo
O levantamento também mostra que 53% dos entrevistados não acreditam no cumprimento da lei. Apenas 47% crêem que as regras serão obedecidas. Entre os jovens de 16 a 24 anos, a descrença na efetividade da legislação chega a 72%. l

Na Assembléia, deputados tentam afrouxar restrições
O projeto de lei que limita o consumo de cigarros e similares em espaços públicos no Estado já recebeu 17 emendas na Assembléia. Dez delas prevêem o afrouxamento da proibição ao tabaco.

Entre as propostas, está a emenda que propõe o fim da necessidade de convocar a polícia para retirar fumantes que se recusarem a apagar o cigarro nos estabelecimentos. Outra sugere a criação de bares e hotéis exclusivos para fumantes. Dos 7 autores das emendas, 4 são deputados do PSDB, partido de Serra. O projeto está Comissão de Constituição e Justiça.

Ricardo Roslindo
Enfermeiro

Ricardo Roslindo disse...

Só para pensar...

Morre Paulo Autra por culpa do cigarro.

“O ator Paulo Autran, que ficou conhecido como “o Senhor dos Palcos” devido à extensa carreira nos teatros do país, morreu aos 85 anos nesta sexta-feira, em São Paulo, informou o Hospital Sírio-Libanês, onde ele estava internado. O ator sofria de câncer e enfisema pulmonar, e morreu por volta das 16h, segundo a assessoria do hospital.
Com 60 anos de carreira, Autran estreou em 2006 sua 90a. peça, “O Avarento”, de Molière, que ficou em cartaz até meados deste ano. (…) fumante inveterado, havia passado recentemente por diversas internações, incluindo uma no começo deste mês e outra em abril, o que não o impediu de seguir atuando em “O Avarento” quando recebeu alta.
(…)
Com 83 anos, em entrevista à jornalista Marília Gabriela, o ator confessou que ainda fumava consideravelmente. “Fumo porque sou burro. Não tenho forças pra largar. Fumo 12, 13 cigarros por dia.”

Ricardo Roslindo
Enfermeiro

Ricardo Roslindo disse...

Estudo liga área do cérebro ao tabagismo

Fumantes com dano em uma região específica do cérebro, a ínsula, perderam rapidamente a vontade de fumar e não reincidiram no vício. Infelizmente, provocar um dano cerebral não é uma terapia válida para parar de fumar, apesar de resolver bem o problema, como mostra estudo publicado hoje na revista científica "Science".

O valor da descoberta é que ela permite visualizar e acompanhar a evolução dos tratamentos existentes, além de abrir um caminho novo para uma terapia a longo prazo.

O trabalho foi feito por uma equipe de quatro pesquisadores das universidades americanas de Iowa e do Sul da Califórnia que estudam pacientes com danos cerebrais.

A descoberta veio por acaso, quando um paciente que costumava fumar cerca de 40 cigarros por dia revelou que, depois de um derrame cerebral que afetou a ínsula, tinha parado de fumar. Mais ainda, o paciente disse que tinha perdido a "fissura", o desejo extremo que faz muitas pessoas que param de fumar recaírem no vício.

Os pesquisadores decidiram investigar outros pacientes com dano no cérebro e seus hábitos tabagistas. Dos 69 pacientes analisados, 19 tiveram danos na ínsula, dos quais 13 pararam de fumar. O dano em outras regiões cerebrais também afetou o desejo de fumar, embora com menos intensidade. "Os resultados indicam que fumantes que adquiriram danos à ínsula muito provavelmente param de fumar fácil e imediatamente e permanecem em abstinência", escreveram os autores no artigo na "Science". Dos quatro autores, apenas um fumava, mas largou o vício. "Eu costumava fumar. Isso me deu um vislumbre sobre o desejo de fumar e o papel do corpo no vício", disse à Folha Nasir Naqvi, da Universidade de Iowa, principal autor do trabalho.

Segundo Naqvi, esse é o primeiro trabalho científico que utiliza lesões no cérebro para estudar um vício por droga em seres humanos. A ínsula é uma região do cérebro do tamanho de uma moeda grande. O pesquisador português António Damásio, também da Universidade do Sul da Califórnia, propôs nos anos 1990 que ela seria uma espécie de "plataforma para sensações e emoção". A mulher de Damásio, Hanna, é co-autora do novo estudo.

"Nós acreditamos que a ínsula tenha evoluído para permitir aos seres humanos "sentirem" o que acontece dentro dos seus corpos. Essa função é importante para coisas como gosto mas também para a experiência emocional, que está geralmente associada com mudanças no corpo, como aumento da pressão sangüínea", diz Naqvi.

Segundo o líder do grupo, Antoine Bechara, "sistemas neurais que são importantes para emoções e sentimentos serviram o propósito de guiar organismos a se aproximarem de estímulos que são recompensadores ou benéficos e para a sobrevivência".
Graças à ínsula o organismo enxergaria, portanto, o cigarro como algo bom, apesar de racionalmente a pessoa saber que não. "Essa região pode ter um papel nas memórias dos efeitos do fumo no corpo, em particular as memórias do prazer que vêm do gosto e da sensação de fumar na garganta e nos seus efeitos em órgãos internos", completa Naqvi.

RICARDO BONALUME NETO

Notícia obtida do caderno de Ciência da Folha de São Paulo (acesso em 26.01.2007) www.folha.uol.com.br/folha/ciencia


Ricardo Roslindo
Enfermeiro

Ricardo Roslindo disse...

Notícias

15/08/2005

Tabagismo eleva frequência cardíaca, pressão arterial e reduz elasticidade das artérias

O estudo, realizado na FMUSP, abre precedentes para a realização de novas pesquisas relacionando o fumo ao sistema circulatório e ajuda a entender os mecanismos que resultam nas alterações hemodinâmicas clínicas.

André Benevides

Pela primeira vez na literatura médica o monóxido de carbono (CO), decorrente do tabagismo, foi correlacionado ao aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial diastólica (a mínima). O estudo, realizado pela cardiologista Maria Alice Melo Rosa Tavares Silva, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), também concluiu que os tabagistas têm a capacidade elástica do sistema arterial reduzida em até seis vezes, quando comparada com a de não-fumantes. "Há algum tempo já se fala em alterações circulatórias ocasionadas pelo fumo, mas nunca havia sido feita uma correlação", revela.

A pesquisa ainda constatou outras alterações clínicas relevantes no sistema cardiovascular dos fumantes. A pressão arterial sistólica (a máxima), assim como a freqüência cardíaca, sofreram significativas elevações após o consumo de um cigarro, sendo que estes efeitos podem durar até vinte minutos. Além disso, os tabagistas apresentavam, em média, concentrações de CO quatro vezes maior no ar expirado quando comparado ao grupo não-fumante, mesmo após ficarem 12 horas sem fumar.

Segundo Maria Alice, "do ponto de vista prático, o interessante deste trabalho é que agora podemos entender melhor os mecanismos pelos quais ocorrem algumas alterações hemodinâmicas clínicas nos fumantes". A pesquisa da elasticidade do sistema arterial tomou por base dados obtidos pela ultra-sonografia da artéria braquial, localizada na região interna do cotovelo, considerada como artéria de médio calibre. No entanto, ela afirma que os efeitos podem ser reproduzidos tanto para os vasos arteriais grandes quanto os pequenos, pois compartilham diversas propriedades estruturais.

De um modo geral, estas reações do organismo ao tabagismo podem ser responsáveis por uma vasta gama de complicações cardiovasculares. Entre os possíveis males estão infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e insuficiência vascular periférica, que pode chegar a causar gangrena de extremidades, como pé e dedos. "A alteração mais danosa para o indivíduo seria o aumento na pressão diastólica, provocada principalmente pela perda da elasticidade das artérias", explica Maria Alice.

Pesquisa

"Agora, a idéia é aumentar o número de pacientes, estratificando os dados por idade, tempo de uso do tabaco e número diário de cigarros." Também pretende-se estudar os fumantes sem que seja feita a abstinência prévia, na tentativa de reproduzir as verdadeiras condições basais da rotina diária. A professora diz que as descobertas abrem precedentes para a realização de várias pesquisas, como correlacionar outras substâncias do cigarro (amônia, cetonas, benzeno, formol) com alterações hemodinâmicas e propriedades elásticas do sistema arterial.

O estudo foi realizado com base em comparações de dois grupos de voluntários sadios entre 18 e 60 anos, sendo 25 fumantes e 20 não fumantes, e que não tinham fatores de risco, como hipertensão, diabetes e colesterol alto. Para que as condições basais fossem iguais, foi exigida uma abstinência de cigarro de 12 horas, jejum e um mínimo de 8 horas de sono.

Realizada no Laboratório de Investigação Clínica da UTI do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP, a pesquisa contou com a orientação da professora Sílvia Helena Gelás Lage.

• mais informações: (0XX11) 5096-6052 ou reynolds@uol.com.br, com Maria Alie

Fonte de origem: Agência USP de Notícias
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Ricardo Roslindo
Enfermeiro

Ricardo Roslindo disse...

Dependência e toxicomania

Só para conhecimentos gerais.

A dependência é a actividade compulsiva e a implicação excessiva numa actividade específica. A actividade pode ser o jogo ou pode referir-se ao uso de praticamente qualquer substância, como uma droga. As drogas podem causar dependência psicológica ou então dependência psicológica e física.

A dependência psicológica baseia-se no desejo de continuar a tomar uma droga por prazer ou para reduzir a tensão e evitar um mal-estar. As drogas que produzem dependência psicológica actuam no cérebro e têm um ou mais dos seguintes efeitos:

Reduzir a ansiedade e a tensão.
Causar alegria, euforia ou outras alterações aprazíveis do humor.
Provocar a sensação de aumento da capacidade mental e física.
Alterar a percepção.
A dependência psicológica pode ser muito poderosa e difícil de superar. É particularmente frequente com as drogas que alteram o humor (e as sensações) e que afectam o sistema nervoso central.

Para os dependentes, a actividade relacionada com as drogas chega a ser uma parte tão grande da sua vida diária que a dependência interfere, geralmente, com a capacidade de trabalhar, de estudar ou de se relacionar normalmente com a família e os amigos. Na dependência grave, os pensamentos e as actividades do dependente são dirigidos predominantemente para a obtenção e consumo da droga. Um dependente pode manipular, mentir e roubar para satisfazer a sua dependência. Os dependentes têm dificuldade em abandonar a droga e muitas vezes retomam-na depois de períodos de abstinência.

Algumas drogas causam dependência física, mas esta não se acompanha sempre de dependência psicológica. Com as drogas que causam dependência física, o corpo adapta-se quando se utilizam de modo contínuo, conduzindo à tolerância e à síndroma de abstinência quando se deixa de consumir. A tolerância é a necessidade de aumentar progressivamente a dose de uma droga para reproduzir o efeito originariamente alcançado por doses menores. A síndroma de abstinência ocorre quando se deixa de tomar a droga ou quando os efeitos desta são bloqueados por um antagonista. Uma pessoa com a síndroma de abstinência sente-se doente e pode ter muitos sintomas, como dor de cabeça, diarreia ou tremores. A abstinência pode provocar uma doença grave e inclusive pôr a vida em risco.

O abuso de drogas implica mais que a acção fisiológica das drogas. Por exemplo, as pessoas com cancro, cuja dor se trata com opiáceos como a morfina durante meses ou anos, quase nunca se tornam dependentes de narcóticos, embora possam desenvolver uma dependência física. Isto é, o abuso de drogas é um conceito definido principalmente por comportamentos disfuncionais e pela reprovação social. Quase todas as sociedades, ao longo da sua história conhecida, autorizaram o uso de fármacos psicoactivos, incluindo os considerados prejudiciais. As substâncias que alteram o humor, como o álcool e os cogumelos alucinogéneos, desempenham um papel importante em alguns rituais religiosos. Algumas sociedades aceitam substâncias que outras não permitem. As sociedades podem admitir uma substância e posteriormente rejeitá-la.

Em alguns países, o termo médico «abuso de substâncias»refere-se à disfunção e à desadaptação que o uso de drogas implica, mas não à dependência. Habitualmente, o abuso de drogas é a experimentação e o uso para a própria satisfação de drogas ilegais, o uso de fármacos legais não prescritos pelo médico para aliviar problemas ou sintomas e o uso de drogas até à dependência. O uso de drogas acontece em todos os grupos socioeconómicos e afecta tanto as pessoas de elevado nível cultural e profissional como pessoas com baixo nível de estudos e sem emprego.

Embora o abuso de drogas tenha efeitos poderosos, o humor do dependente e o ambiente onde se toma a droga influem significativamente no seu efeito. Por exemplo, uma pessoa que se sente triste antes de beber álcool pode ficar mais triste à medida que o álcool fizer efeito. A mesma pessoa pode estar alegre quando bebe com os amigos que se alegram sob os efeitos do álcool. Não é possível prever qual vai ser o efeito de uma droga para cada pessoa e em cada situação.

Como se desenvolve a dependência de uma droga é uma questão complexa e não esclarecida. O processo é influenciado pela composição química da droga, pelos seus efeitos, pela personalidade do dependente e por outras condicionantes predisponentes, como a hereditariedade e a pressão social. Em particular, a progressão desde a experimentação até ao uso ocasional e depois desde a tolerância até à dependência é pouco conhecida. As pessoas com um elevado risco de dependência baseado na sua história familiar não demonstraram ter diferenças biológicas ou psicológicas na forma de responder às drogas, embora alguns estudos indiquem que os alcoólicos possam ter geneticamente uma resposta diminuída aos efeitos do álcool.

Prestou-se muita atenção à chamada personalidade dependente. Os dependentes têm muitas vezes uma baixa auto-estima, são imaturos, facilmente frustráveis e têm dificuldade em resolver problemas pessoais e relacionar-se com pessoas do sexo contrário. Os dependentes podem tentar escapar à realidade e foram descritos como temerosos, introvertidos e deprimidos. Alguns têm uma história de repetidas tentativas de suicídio ou de auto-agressões. Foram descritos como personalidades dependentes, que tentam encontrar um apoio nas suas relações e que têm problemas para cuidar deles próprios. Outros mostram uma raiva manifesta e inconsciente e uma expressão sexual incontrolada; podem usar as drogas para controlar o seu comportamento. No entanto, a evidência sugere que, em geral, estes sinais emergem como resultado de uma dependência a longo prazo e não são necessariamente o resultado do abuso de drogas.

Por vezes, os familiares ou os amigos podem comportar-se de um modo que permite ao dependente continuar a abusar das drogas ou do álcool; estas pessoas são consideradas co-dependentes (também chamadas facilitadoras). Os co-dependentes podem chamar doente ao dependente ou criar desculpas para o comportamento da pessoa. Por exemplo, um amigo pode dizer: «O Pedro não tinha intenção de atravessar a parede com o punho; estava simplesmente um pouco aborrecido, porque o bar não tinha a sua cerveja favorita.» O co-dependente pode suplicar ao dependente que deixe de tomar as drogas ou o álcool, mas raramente faz algo mais para o ajudar a alterar o seu comportamento.

Um familiar ou amigo que se preocupe deverá animar o dependente a deixar de tomar drogas e a entrar num programa de tratamento. Se o dependente renunciar a procurar ajuda, o familiar ou o amigo pode, em certos casos, ameaçá-lo de deixar de estar em contacto com ele. Tal atitude parece cruel, mas pode ser coordenada com a intervenção guiada de um profissional. Este pode ser um método de convencer o dependente de que deve efectuar alterações no seu comportamento.

Uma mulher dependente grávida expõe o seu feto à droga. Muitas vezes, aquela receia admitir aos médicos e aos enfermeiros que está a abusar das drogas e do álcool. O feto pode tornar-se fisicamente dependente. Pouco depois do parto, o recém-nascido pode sofrer a síndroma de abstinência (Ver secção 23, capítulo 252), sobretudo se os médicos e os enfermeiros não foram informados da dependência da sua mãe. As crianças que sobrevivem à abstinência podem ter muitos outros problemas.

Finalmente, outra grande preocupação relativamente a qualquer droga ilegal é que nem sempre é o que pretende ser. Não existe controlo de qualidade com as drogas ilegais e a má qualidade (grandes variações nos graus de potência ou inclusive adulteração) representa um perigo acrescentado ao seu uso.


Fármacos que podem produzir dependência
Fármaco Dependência psicológica Dependência física
Depressores (diminuidores)
Álcool Sim Sim
Narcóticos Sim Sim
Indutores do sono (hipnóticos) Sim Sim
Benzodiazepinas (fármacos contra a ansiedade) Sim Sim
Solventes voláteis Sim Possivelmente
Nitritos voláteis Possivelmente Provavelmente não
Estimulantes (aumentadores)
Anfetamina Sim Sim
Metanfetamina (speed) Sim Sim
Metilendioxi-metanfetamina ( MDMA, ecstasy, adão) Sim Sim
Cocaína Sim Sim
2-5-dimetoxi-4-metilanfetamina (DOM, STP) Sim Sim
Fenciclidina (PCP, pó-de-anjo) Sim Sim
Alucinogéneos
Dietilamida do ácido lisérgico (LSD) Sim Possivelmente
Marijuana Maconha Sim Possivelmente
Mescalina Sim Possivelmente
Psilocibina Sim Possivelmente

Ricardo Roslindo
Enfermeiro

Ricardo Roslindo disse...

Dependência da marijuana

Maconha

O consumo de marijuana (cannabis) está amplamente espalhado. Os estudos entre os estudantes universitários têm, periodicamente, demonstrado aumento, diminuição e um novo aumento do consumo. Em alguns países, a marijuana fuma-se habitualmente sob a forma de cigarros feitos com as raízes, as folhas e as flores distais da planta seca, que quase sempre é a Cannabis sativa. A marijuana é também utilizada como haxixe, que é a resina da planta prensada (uma substância da cor do alcatrão). O componente activo da marijuana é o tetra-hidrocannabinol (THC), o qual se apresenta em muitas variedades, sendo o mais activo o delta-9-THC. O delta-9-THC fabrica-se de forma sintética como um medicamento chamado dronabinol e usa-se na investigação e, por vezes, para tratar as náuseas e os vómitos associados à quimioterapia anticancerosa.

Algumas pessoas tornam-se dependentes da marijuana por razões psicológicas e esta dependência pode ter todas as características de uma dependência grave. A dependência física da marijuana não foi demonstrada de modo fidedigno. Tal como o álcool, a marijuana pode ser usada de modo intermitente por muitas pessoas sem que lhes cause uma disfunção aparente, social ou psicológica, nem sequer dependência.

Sintomas

A marijuana deprime a actividade cerebral, produzindo um estado de sonolência no qual as ideias parecem desconexas e incontroláveis. O tempo, a cor e as percepções espaciais podem distorcer-se e exaltar-se. As cores podem parecer mais brilhantes, os sons mais altos e pode aumentar o apetite. A marijuana geralmente alivia a tensão e dá uma sensação de bem-estar. A sensação de exaltação, excitação e gozo interior (o efeito de euforia) parece estar relacionada com o ambiente no qual se toma a droga, com a circunstância de o fumador estar só ou em grupo e com o humor predominante.

Enquanto se consome marijuana diminuem as capacidades comunicativas e motrizes, pelo que é perigoso conduzir ou manejar maquinaria pesada. As pessoas que consomem grandes quantidades de marijuana podem tornar-se confusas e desorientadas. Podem desenvolver uma psicose tóxica, não sabendo quem são, onde estão ou que horas são. Os esquizofrénicos estão especialmente predispostos para estes efeitos e existe evidência provada de que a esquizofrenia pode piorar com o uso da marijuana. Ocasionalmente, podem verificar-se reacções de pânico, sobretudo nos consumidores novos. Outros efeitos incluem o aumento da frequência cardíaca, olhos injectados de sangue e boca seca.

Pode desenvolver-se tolerância a longo prazo nos consumidores de marijuana. As reacções de abstinência podem incluir aumento da actividade muscular (por exemplo, contracções espasmódicas) e insónia. No entanto, como a marijuana é eliminada do organismo de forma lenta ao longo de várias semanas, uma reacção de abstinência tende a ser leve e geralmente não é perceptível para o consumidor moderado.

Alguns estudos sugeriram que o uso prolongado e intenso de marijuana nos homens pode reduzir os valores de testosterona, o tamanho dos testículos e a quantidade de esperma. O uso crónico em mulheres pode levar a ciclos menstruais irregulares. No entanto, estes efeitos não acontecem sempre e as consequências sobre a fertilidade são incertas. As mulheres grávidas que consomem marijuana podem ter filhos de menor peso do que as não consumidoras. Além disso, o delta-9-THC passa para o leite materno e pode afectar o lactente da mesma forma que afecta a mãe.

O consumo intenso e prolongado de marijuana pode ter efeitos semelhantes ao do consumo de cigarros sobre os pulmões. É frequente a bronquite e, provavelmente, aumenta o risco de cancro do pulmão.

Os resultados da detecção de marijuana nas análises de urina permanecem positivos durante vários dias depois do consumo, inclusive em consumidores ocasionais. Nos consumidores habituais, os resultados das análises podem permanecer positivos mais tempo, à medida que a droga se vai eliminando lentamente da gordura corporal. O tempo que demora é variável, dependendo da percentagem de THC e da frequência do consumo. As análises de urina são um meio eficaz de identificar o uso de marijuana, mas uma análise de urina com um resultado positivo só indica que a pessoa consumiu marijuana, não provando que o consumidor está nesse momento com as faculdades alteradas (intoxicado). Análises sofisticadas podem determinar, até um ano depois, se se consumiu marijuana.


Ricardo Roslindo
Enfermeiro

Ricardo Roslindo disse...

Alcoolismo



O alcoolismo é uma doença crónica caracterizada por uma tendência a beber mais do que o devido, por tentativas infrutíferas de deixar a bebida e pela manutenção do hábito, apesar das consequências sociais e laborais adversas.

O alcoolismo é uma doença frequente. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 8 % dos adultos tem um problema de consumo de álcool. Os homens são quatro vezes mais propensos do que as mulheres a ser alcoólicos. As pessoas de todas as idades são susceptíveis. Cada vez mais, as crianças e os adolescentes têm problemas com o álcool, com consequências desastrosas.

O álcool produz dependência tanto psicológica como física. O alcoolismo geralmente interfere com a capacidade de se relacionar e de trabalhar e determina muitos comportamentos destrutivos. Os alcoólicos costumam estar intoxicados diariamente. A embriaguez pode alterar as relações familiares e sociais e provoca frequentemente divórcios. O absentismo extremo ao trabalho pode conduzir ao desemprego. Os alcoólicos frequentemente não conseguem controlar o seu comportamento, tendem a conduzir veículos tendo bebido e sofrem lesões físicas por quedas, brigas ou acidentes automobilísticos. Alguns alcoólicos podem também tornar-se violentos.

Causas

A causa do alcoolismo é desconhecida, mas o consumo de álcool não é o único factor. Aproximadamente 10 % das pessoas que bebem álcool tornam-se alcoólicas. Os familiares consanguíneos dos alcoólicos têm uma incidência mais alta de alcoolismo do que a população em geral. O alcoolismo tem também mais probabilidades de se desenvolver nos filhos biológicos dos alcoólicos do que nos adoptados, o que sugere que o alcoolismo implica um defeito genético ou bioquímico. Algumas investigações sugerem que as pessoas em risco de ser alcoólicas se embriagam com menos facilidade do que os não alcoólicos; isto quer dizer que os seus cérebros são menos sensíveis aos efeitos do álcool.

Para além de um possível defeito genético, existe um certo substrato e traços de personalidade que podem predispor uma pessoa para o alcoolismo. Os alcoólicos geralmente provêm de famílias desfeitas e as relações com os pais estão frequentemente alteradas. Os alcoólicos tendem a sentir-se isolados, sós, tímidos, deprimidos ou hostis. Podem exibir comportamentos autodestrutivos e ser sexualmente imaturos. Contudo, o abuso e a dependência do álcool são tão frequentes que os alcoólicos podem encontrar-se entre as pessoas com qualquer tipo de personalidade.

Efeitos biológicos

O álcool é rapidamente absorvido no intestino delgado. Como o álcool é absorvido de forma mais rápida do que se metaboliza e elimina, os seus valores no sangue aumentam rapidamente. Uma pequena quantidade de álcool é excretada pela urina, pelo suor e pela respiração sem ser modificada. A maior parte do álcool é metabolizada no fígado e contribui com 210 calorias por cada 30 ml (7 cal/ml) de álcool puro consumido.

O álcool deprime imediatamente as funções cerebrais; a intensidade deste efeito depende do seu valor no sangue (a uma maior quantidade, maior alteração). As concentrações de álcool podem ser medidas no sangue ou calculadas doseando a quantidade existente na amostra de ar expirado. As leis limitam a concentração sanguínea de álcool que uma pessoa pode ter enquanto conduz. Geralmente, alguns países fixam o limite em 0,1 (100 mg de álcool por cada decilitro de sangue), mas outros fixam-no em 0,08. Mesmo uma concentração de álcool de 0,08 pode reduzir a capacidade de uma pessoa para conduzir com segurança.
A ingestão prolongada de quantidades excessivas de álcool danifica muito os órgãos, particularmente o fígado, o cérebro e o coração. Como outras drogas, o álcool tende a induzir tolerância, pelo que as pessoas que bebem mais de dois copos por dia podem ingerir mais álcool do que os não bebedores sem que se verifiquem efeitos de embriaguez. Os alcoólicos podem também tornar-se mais tolerantes a outras substâncias que deprimem a função do sistema nervoso central; por exemplo, as pessoas que tomam barbitúricos ou benzodiazepinas necessitam, geralmente, de altas doses para conseguir um efeito terapêutico. A tolerância não parece alterar o modo como o álcool é metabolizado ou excretado. Pelo contrário, o álcool induz uma adaptação do cérebro e de outros tecidos.

Se um alcoólico, de repente, deixar de beber, é provável que se produzam sintomas de abstinência. A síndroma de abstinência de álcool geralmente começa de 12 a 24 horas depois de a pessoa ter deixado de consumir álcool. Os sintomas ligeiros incluem tremor, debilidade, sudação e náuseas. Algumas pessoas sofrem convulsões (a chamada epilepsia alcoólica ou convulsões pelo álcool). Os grandes bebedores que deixam a bebida podem sofrer alucinose alcoólica. Podem ter alucinações e ouvir vozes que parecem acusá-los e ameaçá-los, provocando-lhes apreensão e terror. As alucinações alcoólicas podem durar dias e podem ser controladas com medicamentos antipsicóticos, como a clorpromazina ou a tioridazina.

Se for deixada sem tratamento, a abstinência do álcool pode originar um conjunto de sintomas mais graves chamado delirium tremens. O delirium tremens não começa geralmente de imediato, aparecendo cerca de 2 a 10 dias depois de deixar beber. No delirium tremens a pessoa está no início ansiosa e mais tarde desenvolve confusão crescente, insónia, pesadelos, sudação excessiva e depressão profunda. O pulso tende a acelerar-se. Pode aparecer febre. O episódio pode agravar-se com alucinações fugazes, com ilusões que causam medo, inquietação e desorientação, com alucinações visuais que podem aterrorizar. Os objectos vistos com pouca luz podem ser particularmente aterradores. Por último, a pessoa está extremamente confusa e desorientada. Uma pessoa com delirium tremens sente, por vezes, que o chão lhe foge, as paredes caem ou a cama gira. À medida que o delírio progride, aparece tremor persistente nas mãos, que, por vezes, se estende à cabeça e ao corpo, e a maioria das pessoas apresenta uma descoordenação intensa. O delirium tremens pode ser mortal, sobretudo se não for tratado.

Outros problemas estão directamente relacionados com os efeitos tóxicos do álcool no cérebro e no fígado. Um fígado danificado pelo álcool tem uma capacidade diminuída de eliminar as substâncias tóxicas do corpo, o que pode causar um coma hepático. Uma pessoa em coma não tem energia, está sonolenta, entorpecida e confusa e geralmente apresenta um tremor estranho nas mãos, como um bater de asas. O coma hepático inclui perigo de morte e necessita de tratamento imediato.

A síndroma de Korsakoff (psicose amnésica de Korsakoff) (Ver secção 6, capítulo 75) geralmente, acontece em pessoas que ingerem, regularmente, grandes quantidades de álcool, especialmente naquelas que estão desnutridas e têm deficiência de vitaminas B (particularmente tiamina). Uma pessoa com a síndroma de Korsakoff perde a memória dos acontecimentos recentes. A memória é tão frágil que muitas vezes a pessoa inventa histórias que tentam encobrir a incapacidade para recordar. A síndroma de Korsakoff acontece, por vezes, depois de um ataque de delirium tremens. Algumas pessoas com a síndroma de Korsakoff desenvolvem também encefalopatia de Wernicke; os sintomas incluem movimentos anormais dos olhos, confusão, movimentos descoordenados e anomalias na função nervosa. A síndroma de Korsakoff pode ser mortal, a menos que se suprima rapidamente a deficiência de tiamina.

Numa mulher grávida, uma história de uma grande ingestão crónica de álcool pode associar-se com malformações do feto em desenvolvimento, incluindo baixo peso ao nascer, pequena estatura, cabeça pequena, lesões cardíacas, dano muscular e baixo coeficiente intelectual ou atraso mental. (• V. página 1250.) A ingestão moderada de álcool de tipo social (por exemplo, dois copos de vinho de 120 ml por dia) não está associada a estes problemas.

Tratamento

Os alcoólicos que apresentam uma síndroma de abstinência geralmente tratam-se a si próprios bebendo. Algumas pessoas procuram cuidados médicos porque não desejam continuar a beber ou porque a síndroma de abstinência é muito intensa. Num ou noutro caso, o médico verifica, primeiro, a possibilidade de uma doença ou de uma lesão da cabeça que possa complicar a situação e, depois, procura caracterizar o tipo de síndroma de abstinência, calcular quanto bebe habitualmente a pessoa e determinar quando deixou de beber.

Como a deficiência vitamínica causa uma síndroma de abstinência potencialmente mortal, os médicos dos serviços de urgência dão, geralmente, grandes doses endovenosas de complexos vitamínicos C e B, especialmente tiamina. Os líquidos intravenosos, o magnésio e a glicose administram-se, frequentemente, para proteger alguns da síndroma de abstinência do álcool e para evitar a desidratação.

Frequentemente, os médicos prescrevem um fármaco benzodiazepínico durante alguns dias para acalmar a agitação e ajudar a prevenir a síndroma de abstinência. Os medicamentos antipsicóticos administram-se geralmente a um reduzido número de pessoas com alucinose alcoólica. O delirium tremens pode pôr em perigo a vida e trata-se mais agressivamente para controlar a febre alta e a agitação intensa. Geralmente administram-se líquidos endovenosos, medicamentos para baixar a febre (como o paracetamol) e sedativos, e requer-se uma supervisão estreita. Com este tratamento, o delirium tremens começa geralmente a desaparecer dentro das primeiras 12 a 24 horas.

Depois de resolvidos os problemas médicos urgentes, deve começar-se uma desintoxicação e um programa de reabilitação. Na primeira fase do tratamento, o álcool é suprimido por completo. Portanto, um alcoólico tem de modificar o seu comportamento. Permanecer sóbrio é difícil. Sem ajuda, a maioria recai em poucos dias ou semanas. Geralmente crê-se que o tratamento de grupo é mais eficaz do que o acompanhamento individual; no entanto, o tratamento dever-se-á adequar a cada indivíduo. Pode também ser importante contar com o apoio dos familiares.

Alcoólicos Anónimos

Não existe nada que beneficie tanto os alcoólicos e de modo tão eficaz como a ajuda que podem proporcionar a si próprios participando nos Alcoólicos Anónimos (AA). Alcoólicos Anónimos opera dentro de um contexto religioso; existem organizações alternativas para quem deseja uma aproximação mais secular. Um alcoólico deve sentir-se bem, de preferência incorporando-se num grupo onde os membros partilham outros interesses para além do alcoolismo. Por exemplo, algumas áreas metropolitanas têm grupos de Alcoólicos Anónimos para médicos e dentistas e outras profissões e para pessoas com certas preferências, assim como para solteiros ou para mulheres e homens homossexuais.

Alcoólicos Anónimos procura um sítio onde o alcoólico em recuperação possa estabelecer relações sociais fora do bar com amigos não bebedores, os quais também servem de apoio quando surja de novo a necessidade imperiosa de beber. O alcoólico ouve as confissões dos outros ao grupo inteiro relativamente ao modo como estão a lutar dia a dia para evitar beber um copo. Finalmente propondo meios para que o alcoólico ajude os outros, Alcoólicos Anónimos permite que a pessoa construa uma confiança e uma auto-estima que antes só encontrava bebendo álcool.

Tratamento farmacológico

Por vezes, o alcoólico pode recorrer a um medicamento para evitar consumir o álcool. Pode prescrever-se um fármaco chamado dissulfiramo. Este medicamento interfere com o metabolismo do álcool, provocando acumulação de aldeído acético, um metabolito do álcool no sangue. O aldeído acético é tóxico e produz rubor facial, dor de cabeça pulsátil, aumento do ritmo cardíaco, respiração acelerada e sudação durante 5 a 10 minutos depois de a pessoa ingerir álcool. As náuseas e os vómitos podem apresentar-se de 30 a 60 minutos depois. Estas reacções incómodas e potencialmente perigosas duram entre uma e três horas. A incomodidade pela ingestão de álcool depois de tomar dissulfiramo é tão intensa que poucas pessoas se arriscam a tomar álcool, mesmo a pequena quantidade utilizada nalguns preparados de venda livre contra a tosse e o catarro ou nalgumas comidas.

Um alcoólico em recuperação não pode tomar dissulfiramo logo que deixar de beber; o medicamento só pode ser tomado depois de alguns dias de abstinência. O dissulfiramo pode afectar o metabolismo do álcool de 3 a 7 dias depois da última dose do fármaco. Por causa da intensa reacção ao álcool associada com o tratamento, o dissulfiramo deverá ser administrado somente a alcoólicos em recuperação, os quais querem realmente ajuda e estão a querer cooperar. As mulheres grávidas ou as pessoas que têm uma doença grave não devem tomar dissulfiramo.

A naltrexona, outro medicamento, pode ajudar as pessoas a tornarem-se menos dependentes do álcool, se for usada como parte de um programa de tratamento extenso que inclua acompanhamento. A naltrexona altera os efeitos do álcool em certas endorfinas do cérebro, que podem estar associadas com a procura compulsiva e o consumo do álcool. Uma grande vantagem relativamente ao dissulfiramo é que a naltrexona não produz mal-estar. Uma desvantagem é que a pessoa que toma naltrexona pode continuar a beber. As pessoas com hepatite ou outra doença hepática não devem tomar naltrexona.

Efeitos do álcool nos não alcoólicos
Nível de álcool no sangue Efeitos
0.05 (50 mg/dl*) Facilitação da relação social; tranquilidade.
0.08 (80 mg/dl) Coordenação diminuída (redução das capacidades físicas e mentais). Diminuição de reflexos (ambas dificultam uma condução segura) .
0.10 (100 mg/dl) Alteração perceptível da coordenação.
0.20 (200 mg/dl) Confusão. Diminuição da memória. Alteração importante da estabilidade (não consegue permanecer de pé).
0.30 (300 mg/dl) Perda de consciência.
0.40 (400 mg/dl e mais) Coma, morte.

* Quantidade de álcool em miligramas (mg) por decilitro de sangue.

Consequências a longo prazo do consumo de álcool
Tipo de défice Efeito
Nutricional
Valores baixos de ácido fólico Anemia, defeitos congénitos.
Valores baixos de ferro Anemia.
Valores baixos de niacina Pelagra (lesões cutâneas, diarreia, depressão).
Gastrointestinal
Esófago Inflamação (esofagite), cancro.
Estômago Inflamação (gastrite), úlceras.
Fígado Inflamação (hepatite), cirrose, cancro.
Pâncreas Inflamação (pancreatite), baixos valores de açúcar no sangue, cancro.
Cardiovascular
Coração Ritmos cardíacos anormais (arritmia), insuficiência cardíaca.
Vasos sanguíneos Hipertensão arterial, arteriosclerose, acidentes vasculares cerebrais.
Neurológico
Cérebro Confusão, coordenação reduzida, memória de curto prazo limitada (recordações escassas dos acontecimentos recentes), psicose.
Nervos Deterioração dos nervos que controlam os movimentos nos braços e nas pernas (diminuição da capacidade de andar).

Manual Merck


Ricardo Roslindo
Enfermeiro

Ricardo Roslindo disse...

DROGAS NA MÍDIA

Mídia do Dia: 08/09/2008
Data de Veiculação: 07/09/2008


"Cigarro é uma droga; nem comece"


Veículo: Folha de São Paulo
Seção: Mais
Data: 07/09/2008
Estado: SP



Em um país onde a bandeira do politicamente correto se impõe a ponto de encobrir a visão, um vício trivial como o cigarro já pode ser enxergado como uma emocionante transgressão.
Foi nessa "aventura" que embarcou Tom Chiarella, hoje com 47 anos: um adulto norte-americano aprender a fumar tabaco.
Ciente dos males do tabagismo, que matou cerca de 5,4 milhões de pessoas em 2005, segundo a Organização Mundial da Saúde, Chiarella, que é professor no departamento de inglês da Universidade DePauw, em Indiana, passou um mês fumando e conta a experiência no texto abaixo, publicado originalmente na revista "Esquire".



FOLHA - Fumar foi uma "investigação" ou teve outros motivos?
TOM CHIARELLA - Foram dois fatores. O incansável movimento antitabagista nos EUA, que chegou a ponto de tirar o fumo de lugares onde eu gostava de vê-lo, como bares, restaurantes e escritórios. Quero que as pessoas tenham o direito de fumar.
Elas o fazem por uma razão, que deve ter a ver com o que o fumo as faz sentir e que as permite e compele a viver. Também o fiz porque meu filho de 17 anos começou a fumar, e temi por ele. Não sou burro. Sei que é perigoso. Esperava que isso o revoltasse de algum modo, ajudando-o a parar.



FOLHA - O sr. qualificou o mês que passou fumando de "experimento" e, depois, de "impensado". Quão científica foi a experiência?
CHIARELLA - Os dados são precisos, mas não acho que poderia tirar uma conclusão deles como um cientista faria. Mantive uma caderneta. No princípio anotava as sensações que tinha; no final apenas contava quanto fumei e as marcas. Virginia Slims foi o menos desejado. Nat Sherman foi o favorito.



FOLHA - O sr. diz que fumantes parecem "fajutos" na TV. Qual é sua opinião sobre a glorificação do cigarro na cultura popular?
CHIARELLA - Estou certo de que no Brasil também também há colocação de produtos em filmes, mas nos EUA isso é muito ostensivo. Não gosto de ver uma atriz ser paga para beber Coca-Cola mais do que um ator fumar pela mesma razão.
Além disso, há uma certa mentira em sugerir uma relação de causa e efeito entre a presença do cigarro nos filmes e o fato de que pessoas fumam.
Cigarros fazem as pessoas se sentirem diferentes, até melhor. Cigarros são uma droga. É por isso que as pessoas fumam -estão se medicando. É por isso também que se bebe café.



FOLHA - Fumantes deveriam se considerar vítimas por terem de sair à rua para acender um cigarro?
CHIARELLA - Sair para fumar é um grande prazer. Conheci muitas pessoas e fiquei em pé, pensando em coisas boas, as quais jamais me ocorreriam se estivesse sentado à escrivaninha. Sair no meio do trabalho é um tipo de bênção.



FOLHA - Arrependeu-se desse mês?
CHIARELLA - De certo modo, sim. Ganhei peso durante e depois.
Senti-me deprimido. Não foi difícil parar, mas freqüentemente me sinto tentado a voltar. Entretanto aprendi muito, portanto não me arrependo.



FOLHA - Que conselho o sr. daria a quem pensa em começar a fumar?
CHIARELLA - É uma droga, vai afetá-lo como uma droga. Parece um acessório de moda, mas é uma droga. Se não toma outras drogas, por que essa?



FOLHA - E qual é o conselho para quem quer parar (além de jogar videogame por seis dias)?
CHIARELLA - Nem comece. Desista antes de desejar um cigarro. Vá acampar. Não espere que nunca mais vai querer sentir aquela sensação, a expansão no peito, a pressão do sangue para a cabeça -você vai.
Mas não julgue aqueles que decidiram fumar. Considerar o fumante um sintoma de um problema social é desumanizar suas necessidades e direitos. Isso leva a uma cultura em que as pessoas implicam com as outras para obter mudanças.
É por isso que os EUA têm uma prefeita de um subúrbio concorrendo ao segundo cargo mais importante do país [Sarah Palin, governadora do Alasca e candidata republicana a vice-presidente].
Pela força de sua convicção de que sabe mais do que qualquer outro cidadão, mais do que a comunidade científica sobre evolução e aquecimento global, ela é uma implicante classe A. Isso são os EUA hoje.

Ricardo Roslindo
Enfermeiro

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Eliminando uso do Tabaco em serviço de Psiquiátricos.

Eliminando o uso de tabaco nos serviços de tratamento de saúde mental - direito dos pacientes, saúde pública e questões políticas
Os programas de tratamento de doenças que cursam com mudança de comportamento, tais como Depressão e Esquizofrenia são os setores dentro do tratamento de saúde mental que ainda falham em ajudar os pacientes a parar de fumar. Hospitais psiquiátricos, diretores e administradores médicos estão tentando aplicar as políticas de restrição do uso do tabaco em suas instalações de trabalho – não apenas nos prédios como também em toda área ao ar livre em volta destas instituições. Alguns advogados são contra essas mudanças e tentam revogar essas leis
www.abead.com.br/artigos/?cat=11.

Ricardo Roslindo
Enfermeiro

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Dormindo e sonhando que fuma...Olha só como nosso cerebro...

O problema de parar de fumar é que você briga com você mesma o tempo inteiro. Seu cérebro querendo mais nicotina e você nem um pouco disposto a ceder aos caprichos cerebrais. Mas parece que o cérebro fica por assim dizer, ‘ultravigilante’. Digo isso porque a noite passada eu esqueci de usar o adesivo e fui dormir sem ele.
Minha noite foi uma sucessão de sonhos sobre cigarro. Sonhei que fumava,como se eu tivesse esquecido que parei de fumar,quando repentinamente eu me dava conta no sonho que eu havia parado e ficava desesperada de remorsos por haver fumado. Assim acordei pela manhã, com a sensação que realmente havia fumado. (Risos)
Parece que mesmo que eu me distraia com qualquer coisa, meu cérebro se mantem vigilante e me ‘lembra’ a todo instante que ele gostaria muito de um cigarro, inclusive nos sonhos! Fazem 11 dias que parei de fumar. Certas horas digo que nunca mais vou voltar a fumar, então; alguns minutos depois vem a vontade, mas tenho segurado bem. O importante é que quero vencer essa briga contra meus desejos de fumar e tenho dito não e não ao cigarro!
Agora me preparo para o fim de semana e a regra é: aconteça o que acontecer NÃO FUME ! Finais de semana são perigosíssimos! Sempre tem alguma coisa a mais para se fazer. Eu tenho algumas festinhas para ir, beber aquela cerveja sem fumar será a tentação das tentações. Portanto: NÃO FUME! NÃO FUME! NÃO FUME! ACONTEÇA O QUE ACONTECER, NÃO FUME! Isso vale para quem está parando e visita o blog. Força para vencer mais um fim de semana! Boa sorte a todos!

Ricardo Roslindo
Enfermeiro

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Dia Nacional de Combate ao Fumo

29 de agosto

Dia Nacional de Combate ao Fumo

Grande parte dos fumantes (80%) deseja parar de fumar, mas não consegue. Esses fumantes usam a droga em quantidades maiores do que desejariam e mantém o seu uso, apesar de conhecerem os danos físicos e psicológicos que advêm dela.


O uso do cigarro é um vício que não traz benefício algum para as pessoas, sejam elas fumantes ou não. Por essa razão, foi instituído este dia por meio da lei no 7.488, de 11/6/1986, assinada pelo presidente José Sarney.

O consumo de cigarros é a mais devastadora causa de doenças e mortes prematuras da história da humanidade, pois provoca, a cada ano, a morte de quatro milhões de pessoas no mundo, ou seja, uma a cada oito segundos. Por hora, dez pessoas morrem no Brasil em razão de doenças relacionadas ao cigarro, fato que constitui um quadro com conseqüências graves para a saúde da população, bem como para a economia e o meio ambiente.

Os malefícios do tabaco são provenientes, em grande parte, das minúsculas partículas de alcatrão nele existentes. O cigarro contém substâncias cancerígenas. Além disso, a fumaça do cigarro é composta de 2% a 6% de monóxido de carbono, gás tóxico que dificulta o transporte e a utilização do oxigênio, e altera o funcionamento dos microscópicos cílios do sistema respiratório. Essa fumaça também contém ciliotoxinas, que produzem irritação nos olhos, no nariz e na garganta e ocasionam alergia respiratória em fumantes e não-fumantes.

O tabagismo também é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão, causador de milhares de mortes por ano no país. No pulmão, além de câncer, o uso do cigarro promove outras doenças graves, como o enfisema. O cigarro está também relacionado com a causa de tumores malignos em vários órgãos como: boca, laringe, pâncreas, rins e bexiga. Os fumantes correm quase o dobro do risco dos não-fumantes de sofrer um infarto do miocárdio ou morte por doenças coronarianas (derrame).

O fumante passivo não fuma, porém respira a fumaça emitida pelos fumantes. As crianças são as maiores vítimas do fumo passivo. Os filhos de mães que fumaram durante a gravidez tendem a nascer com peso e altura inferiores aos filhos de mães não-fumantes. A criança que convive com fumantes está mais sujeita a se tornar um fumante e a fumar mais precocemente.

Os prejuízos causados ao meio ambiente estão diretamente relacionados ao cultivo do tabaco. O desmatamento em larga escala, para obtenção da lenha usada nas estufas em que é feita a cura (secagem) das folhas do tabaco, contribui para a ocorrência de erosões e destruição do solo. Este se empobrece, ao se tornar exposto às chuvas fortes e à insolação, fato que contribui para a perda de matéria orgânica.

Nesse processo, queimam-se muitas árvores, na proporção de uma árvore para cada trezentos cigarros produzidos. Além disso, as árvores também são sacrificadas para a fabricação do papel utilizado na manufatura do cigarro. Ainda que as zonas desmatadas sejam reflorestadas, não serão refeitas as condições naturais necessárias à flora e à fauna da mata virgem.

A par disso, há os incêndios provocados por cigarros, que constituem um importante agravo ao meio ambiente: pelo menos 25% dos incêndios rurais e urbanos são relacionados a pontas de cigarros, que não foram apagadas.
A lei no 10.167, de 28/12/2000, alterada pela lei no 10.702, de 14/7/2003, restringe a propaganda do cigarro à parte interna dos locais de venda do produto, ficando proibidos os anúncios em quaisquer meios de comunicação, em outdoors, em placas e em cartazes luminosos. Essa lei disciplina também o uso de produtos derivados do tabaco.

Além disso, eleva o valor das multas a serem aplicadas em caso de descumprimento e determina aos órgãos competentes que exerçam a fiscalização do cumprimento da lei no 9.294, de 15/7/1996, que trata de produtos fumígeros.

A diminuição do tabagismo está relacionada não só com a diminuição do número e da gravidade de doenças cardiovasculares e pulmonares, do câncer, e das hospitalizações, como também com o menor número de recém-nascidos de baixo peso e com a menor incidência de distúrbios físicos, cognitivos e emocionais que afetam os filhos de mães que fumaram durante a gestação. Ou seja, para o governo, é melhor e mais barato gastar com o combate ao fumo do que cuidar dos problemas decorrentes dele, visto que haverá mais recursos para investir em outras áreas da saúde.

Grande parte dos fumantes (80%) deseja parar de fumar, mas não consegue. Esses fumantes usam a droga em quantidades maiores do que desejariam e mantém o seu uso, apesar de conhecerem os danos físicos e psicológicos que advêm dela. Embora a maioria dos fumantes já tenha enfrentado algum problema físico em função do cigarro, livrar-se deste hábito é uma das tarefas mais difíceis que um ser humano pode enfrentar, o que demonstra que as manifestações da dependência da nicotina são muito semelhantes às de outras drogas pesadas, embora seu uso não produza manifestações psíquicas. Ainda que fumar não torne a pessoa mais agressiva nem eufórica, o seu padrão de consumo é típico de uma droga que produz dependência.


Veja Também!

Outras Datas Comemorativas


Fontes:
g1.globo.com
www.paulinas.org.br
Referência: Datas comemorativas: cívicas e históricas

Ricardo Roslindo

Enfermeiro

Ricardo Roslindo disse...

História do Tabaco

1 – História do tabaco

O uso do tabaco surgiu aproximadamente no ano 1000 a.C., nas sociedades indígenas da América Central, em rituais mágicos-religiosos. A planta, cientificamente chamada Nicotiana Tabacum, chegou ao Brasil provavelmente pela migração de tribos tupis-guaranis. Quando os portugueses aqui desembarcaram, tomaram conhecimento do tabaco pelo contato com os índios. A partir do século XVI, o seu uso disseminou-se pela Europa, introduzido por Jean Nicot, diplomata francês vindo de Portugal, após ter-lhe cicatrizado uma úlcera de perna, até então incurável.

DISSIMINAÇÃO DO USO
SÉCULO X ac
Uso pelos índios
SÉCULO XVI
Entrada na Europa

SÉCULO XVII
Cachimbo

SÉCULO XVIII
Rapé e tabaco mascado

SÉCULO XIX
Charuto

SÉCULO XX
Cigarro

Suas folhas foram comercializadas sob a forma de fumo para cachimbo, rapé, tabaco para mascar e charuto, até que, no final do século XIX, iniciou-se a sua industrialização sob a forma de cigarro. Seu uso espalhou-se de forma epidêmica por todo o mundo a partir de meados do século XX, ajudado pelo desenvolvimento de técnicas avançadas de publicidade e marketing. A folha do tabaco, pela importância econômica do produto no Brasil, foi incorporada ao brasão da República.

A partir da década de 1960, surgiram os primeiros relatórios médicos que relacionavam o cigarro ao adoecimento do fumante e, a seguir, ao do não fumante (fumante passivo). Fumar, a partir de então, passou a ser encarado como uma dependência à nicotina, que precisa ser esclarecida, tratada e acompanhada.


www.mcedijunior.vilabol.uol.com.br

Ricardo Roslindo
Enfermeiro